O novo limite dos juros do rotativo do cartão de crédito entrou em vigor nesta quarta-feira (3) e é considerado um importante passo para reduzir o endividamento no país, de acordo com especialistas. No entanto, eles alertam que a medida só se aplica a novos financiamentos e os juros continuam altos, então os consumidores devem ter cautela para evitar se endividarem ainda mais.
O que é o limite de juros do rotativo do cartão de crédito?
Quando o consumidor não paga o valor total da fatura do cartão de crédito até o vencimento, ele entra automaticamente no crédito rotativo, contraindo um empréstimo e pagando juros sobre o valor não pago. O problema é que a taxa de juros do rotativo é uma das mais altas do mercado.
Segundo dados recentes do Banco Central, em outubro, a taxa de juros do rotativo do cartão de crédito era em média de 431,6% ao ano. Isso significa que uma pessoa que entra no rotativo com R$ 100 e não paga o débito terá uma dívida de R$ 531,60 após 12 meses.
Após 30 dias de crédito rotativo, os consumidores devem quitar a dívida ou parcelá-la com as instituições financeiras. Agora, o limite dessa taxa de juros será de 100%. Por exemplo, se alguém deixar de pagar uma fatura de R$ 100, no máximo terá que pagar o equivalente a R$ 200 após 12 meses.
Por que essa medida é importante?
O diretor executivo do Procon-SP, Luiz Orsatti Filho, destaca que essa medida é um passo importante para beneficiar não apenas as pessoas superendividadas, mas também o público em geral que precisa fazer algum tipo de financiamento. No entanto, ele ressalta que os juros ainda estão muito altos e que ainda há muito a ser feito nesse sentido.
Atualmente, três em cada quatro famílias brasileiras estão endividadas, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O cartão de crédito ainda é a modalidade mais usada pelos endividados, atingindo 87,7% do total de devedores. A pesquisa também mostra que o maior percentual de dívidas em atraso é entre os consumidores de baixa renda, de até três salários mínimos.
Impacto econômico
O presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, ressalta que a medida é acertada, pois o rotativo é uma das principais causas do endividamento. Ele também destaca que, à medida que a inadimplência diminuir, novas necessidades dos consumidores surgirão e as condições econômicas influenciarão as decisões das autoridades e dos bancos, potencialmente levando a uma queda maior nos juros. Isso teria um impacto significativo na redução da inadimplência e no aumento do acesso ao crédito para a população de menor renda.
Segundo pesquisas do Instituto Locomotiva, o crédito é importante para os brasileiros, que o utilizam para comprar bens de necessidade e realizar sonhos. A redução dos juros do rotativo é vista como positiva, uma vez que a inadimplência é menor entre aqueles que parcelam a compra sem juros em comparação com aqueles que pagam juros.
O futuro dos limites e dicas para evitar o endividamento
De acordo com a professora de finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), Myrian Lund, a redução da taxa de juros poderá levar os bancos e as instituições financeiras a reduzirem os limites dos cartões de crédito para se adequarem à capacidade de pagamento dos consumidores. Lund também destaca a importância da educação financeira e dá algumas dicas para evitar o endividamento, como ter apenas um cartão de crédito ativo, reduzir o limite do cartão e evitar o parcelamento sem juros, exceto para bens de maior valor.
Fonte: Perfil Brasil
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