Lula apoia padre Lancelloti contra investigação da CPI

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou seu apoio ao padre Julio Lancelloti em uma mensagem publicada em uma rede social nesta quinta-feira (4). Vereadores de São Paulo estão buscando investigá-lo por meio de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal.

Trabalho do padre Julio Lancelloti

Há anos, o religioso vem desenvolvendo um notável trabalho de cuidado com pessoas em situação de rua na Cracolândia, uma região no centro da capital paulista ocupada por usuários e dependentes químicos. O presidente Lula elogiou a atuação do padre, destacando sua dedicação em proporcionar dignidade, respeito e cidadania às pessoas em situação de rua.

“Graças a Deus a gente tem figuras como o Padre Julio Lancelloti, na capital de São Paulo, que há muitos e muitos anos dedica a sua vida para tentar dar um pouco de dignidade, respeito e cidadania às pessoas em situação de rua. Que dedica sua vida a seguir o exemplo de Jesus. Seu trabalho e da Diocese de São Paulo são essenciais para dar algum amparo a quem mais precisa”, escreveu Lula.

Uma imagem dos dois abraçados foi compartilhada juntamente com a postagem.

A CPI

O requerimento para a criação da CPI, que tem como objetivo investigar Organizações Não Governamentais (ONGs) que fornecem alimentos, utensílios para uso de substâncias ilícitas e tratamento aos grupos de usuários que frequentam a região da Cracolândia, já coletou as assinaturas necessárias e foi protocolado na Câmara no dia 6 de dezembro do ano passado.

No entanto, a instalação da comissão não será imediata, pois existem outras propostas de CPI na fila de espera na Câmara. Além disso, o requerimento ainda precisa ser aprovado em plenário, o que só deve ocorrer em fevereiro, após o recesso legislativo.

“A CPI que estou instaurando na Câmara Municipal de São Paulo vai investigar toda essa máfia da miséria que se perpetua no poder através de ONGs esquerdistas”, afirmou o vereador Rubinho Nunes, autor da proposta, em suas redes sociais. Ele também colocou como alvo da CPI o movimento A Craco Resiste.

Declarações de Lancelloti e do movimento A Craco Resiste

Em resposta às acusações, o padre Julio Lancelloti afirmou que não pertence a nenhuma organização da sociedade civil ou ONG que faz convênios com o Poder Público Municipal. Ele esclareceu que a atividade da Pastoral de Rua é uma ação pastoral da Arquidiocese de São Paulo, que não está vinculada às atividades descritas no requerimento para a criação da CPI.

O movimento A Craco Resiste, por sua vez, esclareceu que não é uma ONG, mas sim um projeto de militância que busca resistir contra a opressão junto às pessoas socialmente desprotegidas da região da Cracolândia. Eles atuam na frente da redução de danos e denunciam a política de truculência e insegurança promovida pela prefeitura e pelo governo do estado.