O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) decidiu utilizar a denominação “favelas” e “comunidades urbanas” em substituição ao termo “aglomerados subnormais” nos censos e pesquisas. Essa mudança marca um retorno ao uso histórico do termo “favela”, que era utilizado pelo órgão desde 1950. O IBGE tomou essa decisão considerando as dificuldades encontradas na identificação, mapeamento e classificação das favelas, assim como a necessidade de estudos específicos sobre esses territórios.
Por que essa mudança é importante?
O uso do termo “favela” nos censos e pesquisas do IBGE reflete uma realidade social e urbana, reconhecendo a importância de compreender e fornecer informações precisas sobre essas áreas habitacionais. A ONU-Habitat estima que cerca de um bilhão de pessoas vivem atualmente em favelas e assentamentos informais em todo o mundo, e é provável que essa projeção esteja subestimada. Portanto, essa mudança é uma forma de enfrentar os desafios de captar dados sobre essas áreas e reconhecer a dinâmica de formação e dispersão dos territórios urbanos.
Discussões e consulta
Antes de tomar a decisão de adotar o termo “favela” nos censos e pesquisas, o IBGE realizou discussões abrangentes com movimentos sociais, representantes da comunidade acadêmica e diversos órgãos governamentais. Durante essas discussões, o instituto afirmou que não houve alteração nos critérios utilizados para identificar e mapear as áreas das favelas, que permaneceu inalterado em relação ao Censo Demográfico de 2022.
Segundo o coordenador de Geografia do IBGE, Cayo de Oliveira Franco, os resultados do Censo de 2022, que serão divulgados no segundo semestre, serão baseados nos critérios existentes para identificação e coleta de dados. A nova nomenclatura foi escolhida com base em estudos técnicos e consultas a diferentes segmentos sociais, visando garantir que a divulgação dos resultados do Censo seja feita a partir da perspectiva dos direitos constitucionais fundamentais da população urbana.
Reconhecimento e identidade
A mudança para o uso do termo “favela” nos censos e pesquisas é resultado de um processo de consulta e envolvimento da sociedade civil. O chefe do Setor de Territórios Sociais do IBGE, Jaison Luis Cervi, informou que houve um consenso em torno dessa mudança, com o reconhecimento histórico das reivindicações dos movimentos populares por reconhecimento e identidade. Além disso, ficou acordado que o termo “favela” seria acompanhado de um complemento, buscando conferir uma conotação positiva e reforçar as formas próprias de organização e identidade desses territórios.
Fonte: Perfil Brasil
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