Desvendando tortura policial: pesquisador encontra informações sobre caso Robson


Após 45 anos, o caso de Robson Luz, torturado pela polícia, ainda guarda mistérios. O desenvolvimento do processo revela informações, e o movimento negro surge em resposta.
Após 45 anos, o caso de Robson Luz, torturado pela polícia, ainda guarda mistérios. O desenvolvimento do processo revela informações, e o movimento negro surge em resposta.

Após 45 anos, ainda não se sabe exatamente onde Robson Luz foi torturado pela polícia. O jovem de 22 anos foi levado por ser acusado de roubar uma caixa de frutas e morreu devido aos ferimentos causados pelas agressões físicas e choques elétricos. Mesmo com o desarquivamento do processo, a localização exata do ocorrido permanece desconhecida.

Desarquivamento do processo revela informações

Após décadas sem acesso aos documentos, o pesquisador Lucas Scaravelli conseguiu, em 2022, obter os documentos do caso. O material foi digitalizado pelo Centro de Pesquisa e Documentação Histórica Guaianás (CPDOC). A pesquisadora Renata Eleutério informou que Robson foi preso no 44º Distrito Policial de Guaianases, em São Paulo, mas há indícios de que ele tenha sido levado para outro local enquanto estava sob custódia policial.

Movimento Negro Unificado surge em resposta ao caso

Após o brutal assassinato de Robson em maio de 1978, o Movimento Negro Unificado (MNU) foi criado nos meses seguintes. Um protesto histórico ocorreu em 7 de julho nas escadarias do Theatro Municipal, no centro de São Paulo. A advogada Lenny Blue de Oliveira, que se aproximou do movimento na época, afirma que o caso de Robson foi a base para a criação do MNU e denunciou o sistema prisional e a polícia como instituições racistas, voltadas para a perseguição da população negra.

Tortura não era exclusiva aos opositores políticos

Scaravelli destaca que a violência sofrida por Robson evidenciou que a tortura não se limitava aos opositores políticos da ditadura militar. O pesquisador ressalta que, apesar de um grupo ter roubado a caixa de frutas, apenas Robson foi cruelmente agredido. Ele era o único negro do grupo.

Superando obstáculos para o desarquivamento

Scaravelli enfrentou diversos obstáculos para acessar os arquivos do caso, mesmo décadas após o crime. Após negativas e impedimentos burocráticos, juízes e promotores ajudaram a viabilizar o desarquivamento do processo por um período limitado. O CPDOC auxiliou no tratamento e manipulação do material.

Punição aos policiais e perspectivas

Os policiais envolvidos no caso foram exonerados após a condenação criminal. Embora continuem com suas vidas civis preservadas, o pesquisador considera isso uma vitória. Lenny também destaca a punição aos policiais, mas ressalta que as coisas não mudaram completamente e que o racismo ainda persiste. Em 1996, a viúva de Robson recebeu uma indenização pela morte.

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