Ataque golpista em Brasília: Jornalista agredida e disseminação de ódio


Ataque golpista de extrema direita em Brasília termina com renomada jornalista sendo agredida e ameaçada por bolsonaristas durante a cobertura. Redes sociais contribuem para disseminação de ódio e desinformação. Educação midiática se torna essencial para lidar com essas questões.
Ataque golpista de extrema direita em Brasília termina com renomada jornalista sendo agredida e ameaçada por bolsonaristas durante a cobertura. Redes sociais contribuem para disseminação de ódio e desinformação. Educação midiática se torna essencial para lidar com essas questões.

Em 8 de janeiro de 2023, ocorreu um ataque golpista da extrema direita às sedes dos Três Poderes da República, em Brasília. Durante esse incidente, a renomada jornalista Tereza Cruvinel enfrentou uma experiência inédita em seus 43 anos de profissão: ela foi hostilizada, agredida e xingada por diferentes grupos de agitadores.

Tereza Cruvinel é agredida durante cobertura do ataque golpista em Brasília

Ao cobrir a desocupação do Congresso Nacional, Tereza Cruvinel foi ameaçada e recebeu chutes de bolsonaristas. Além disso, teve que entregar seu celular de trabalho para os extremistas apagarem imagens que ela registrou da destruição do prédio do Legislativo.

“vamos dar uma aula de jornalismo para ela atrás do Ministério da Defesa”

Segundo Tereza, os vândalos a acusavam de tirar fotos dos manifestantes para entregar à polícia. Ao se identificar como jornalista, o medo aumentou. Felizmente, uma manifestante a reconheceu e a acompanhou até seu carro para protegê-la.

Uso das redes sociais para enganar e propagar ódio

Após o incidente, Tereza descobriu que estava sendo identificada como alguém que trabalhava para a polícia por conta de uma foto falsa que circulava nas redes sociais. A rápida disseminação de informações enganosas e discursos de ódio ilustram como a comunicação instantânea em rede é utilizada para enganar e propagar ódio.

O papel das redes sociais na incitação do ataque

Gabriela de Almeida Pereira, diretora de relações institucionais da ONG Redes Cordiais, afirma que, sem a tecnologia de comunicação instantânea e a má fé dos bolsonaristas, não teria ocorrido a destruição parcial do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal.

A ONG Redes Cordiais é uma iniciativa de educação midiática, definida como um conjunto de habilidades que permite lidar, de maneira responsável e crítica, com as mídias em geral.

Disseminação de ódio e desinformação nas redes sociais

Gabriela destaca que as redes sociais são terrenos férteis para a disseminação de discursos de ódio e desinformação, especialmente nas plataformas que nos colocam em grupos menos permeáveis. A falta de rastreamento nessas plataformas favorece a impunidade de quem comete crimes de difamação e incitação à violência.

“A gente fica sabendo quando ela retorna para nós ou quando vemos ela sendo reproduzida em outros ambientes virtuais, mas não dá para ter uma dimensão do impacto”, explica Gabriela.

Emoção e engajamento nas redes sociais

Gabriela ainda ressalta que as novas mídias utilizam a emoção para mobilizar os usuários, buscando aumentar o engajamento, audiência e tempo de exposição. Estudos mostram que compartilhamos conteúdos que nos causam raiva, indignação e desesperança com mais veemência. As plataformas entenderam esse fenômeno e utilizam esse engajamento para gerar lucro.

“É como se quiséssemos compartilhar com o mundo aquilo que nos afetou, como forma de alertar nossos pares. Sabendo disso, as plataformas entendem como esse engajamento causa lucro, deixando as pessoas cada vez mais presas dentro das redes sociais, com mudanças consideráveis na forma como pensam.”

O incidente ocorrido em 8 de janeiro destaca a importância de combater a disseminação de ódio e desinformação nas redes sociais, bem como a necessidade de desenvolver habilidades de educação midiática para lidar de forma responsável com as informações que consumimos.

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