Alerta de desastres baseado em CEPs é ineficaz, revela estudo
Um levantamento realizado por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) identificou que a emissão de alertas para eventos adversos e desastres por meio de mensagens de texto (SMS) utilizando Códigos de Endereçamento Postal (CEPs) é ineficaz.
O estudo foi resultado da tese de doutorado de Murilo Noli da Fonseca, pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana da PUC-PR e um dos responsáveis pela pesquisa.
Como o estudo aconteceu
O trabalho começou em Curitiba (PR), onde foram mapeadas as áreas onde as pessoas se cadastraram para receber os alertas. Em seguida, foi feito o cruzamento desses dados com as áreas de vulnerabilidade socioeconômica e ambiental e as áreas de risco, todas reconhecidas pelo poder público.
Os pesquisadores perceberam que o número de celulares cadastrados nessas áreas era muito baixo e resolveram investigar a causa desse problema.
Pesquisa revela problemas de regularização nas áreas de risco
O estudo mostrou que o sistema baseado nos CEPs pressupõe que as ruas possuam um código. Porém, nas áreas de risco, que são geralmente irregulares do ponto de vista legal, as ruas não possuem nome, e consequentemente, não possuem um CEP.
A pesquisa foi ampliada para incluir também as capitais de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Amazonas e Pernambuco. O resultado foi o mesmo: a falta de regularização nessas áreas impede que existam CEPs e que as pessoas possam cadastrar seus celulares no sistema de alerta da Defesa Civil.
Importância do estudo
Esse estudo revela que as pessoas que já estão em situação de vulnerabilidade socioeconômica e ambiental, em áreas de risco ou desastres, ficam ainda mais vulneráveis por não receberem avisos e alertas de eventos adversos, como fortes chuvas, por exemplo.
Essa falta de eficácia do sistema de alerta baseado em CEPs mostra a necessidade de se encontrar outras formas mais efetivas de alertar e proteger as populações em áreas de risco.
O estudo revela que “aquelas pessoas que já estão em situação de vulnerabilidade socioeconômica e ambiental em uma área de risco ou desastre tendem a estar muito mais vulneráveis pelo fato de não poder receber avisos e alerta de um evento adverso, como uma chuva muito intensa, por exemplo”.
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